Quando Andrés Iniesta anunciou sua lista dos cinco maiores jogadores da história durante o Match for Hopeem fevereiro de 2025, ninguém esperava que Lionel Messi ficasse de fora. Não foi um erro. Não foi um esquecimento. Foi uma escolha deliberada — e ela acendeu um debate que percorre os estádios, os bares e os fóruns de futebol de todo o mundo. Iniesta, o arquiteto do gol da vitória na Copa do Mundo FIFA de 2010Johannesburg, não apenas deixou Messi de fora: ele substituiu o argentino por jogadores que, para muitos, não pertencem ao mesmo patamar. E isso, mais do que qualquer declaração, diz muito sobre quem ele é.
Uma lista que desafia o senso comum
O top 5 de Iniesta não é o que você lê nas listas da FIFA ou da Ballon d’Or. O primeiro lugar foi para Michael Laudrup, o dinamarquês elegante que brilhou no Barça entre 1989 e 1994. Depois, Josep Guardiola, o ex-volante que virou treinador e transformou o futebol moderno. Em terceiro, Xavi Hernández, o parceiro inseparável de Iniesta no meio-campo do Barça. E por último, dois espanhóis que, apesar de grandes, raramente aparecem nesse tipo de debate: David Silva, campeão mundial em 2010, e Santi Cazorla, que nunca levantou a Taça da Copa do Mundo, mas foi peça-chave na Euro 2012 e um dos mais técnicos meias da geração.
É uma lista feita de memória, não de estatística. De conexão, não de gols. Iniesta não escolheu os melhores — escolheu os que moldaram seu futebol. E nisso, Messi, o maior artilheiro da história, o vencedor de oito Bolas de Ouro, simplesmente não entrou no mapa emocional do espanhol.
Quem é Iniesta, afinal?
Nascido em Fuentealbilla, em 1984, Iniesta chegou ao FC Barcelona aos 12 anos, depois de se destacar num torneio infantil em Brunete. De lá, foi formado nas categorias de base, estreou em 2002 e se tornou o jogador espanhol mais vitorioso da história: 38 títulos oficiais. Nove vezes ele foi eleito para a Seleção do Mundo da FIFPro — de 2009 a 2017, consecutivamente. Venceu o prêmio de Jogador do Ano da UEFA em 2012. Foi o melhor meia do mundo pela IFFHS em 2012 e 2013. E, claro, marcou o gol que deu à Espanha seu primeiro título mundial, aos 116 minutos contra a Holanda, no Estádio Soccer City.
Ele jogou ao lado de Messi por 14 temporadas. Juntos, conquistaram 34 títulos. Foram companheiros na Era Guardiola, que venceu seis troféus em 2009 — um recorde. Mas Iniesta nunca foi um jogador de números. Ele foi o jogador de ritmo, de passos curtos, de olhar para o campo antes de todos os outros. Ele valoriza quem entende o jogo como ele entende. E nesse sentido, Messi, por mais brilhante que seja, talvez nunca tenha sido seu espelho.
Por que isso importa?
Porque essa lista não é só sobre futebol. É sobre identidade. Sobre o que um jogador valoriza no outro. Iniesta não está comparando estatísticas. Ele está relembrando quem o fez melhor. Quem o ensinou a jogar. Quem respirava o mesmo futebol que ele. Laudrup foi o primeiro ídolo que ele viu em campo. Guardiola foi o técnico que o libertou. Xavi foi seu parceiro de alma. Silva e Cazorla foram os companheiros que entenderam, sem palavras, o que ele queria dizer com a bola.
É como se ele dissesse: "Nunca precisei de Messi para ser quem eu sou. Eles me fizeram completo antes."
A ausência que não foi explicada
Nenhum dos veículos que cobriram o evento — UOL, Notícias ao Minuto, Click Campos — registrou uma declaração de Iniesta justificando a exclusão. Nenhuma resposta de Messi. Nenhum comunicado do Barça. O silêncio é, talvez, a parte mais poderosa da história. Não há conflito. Não há rancor. Apenas uma escolha pessoal, feita em um jogo beneficente, diante de um público que esperava ouvir nomes como Ronaldo, Maradona, Pelé — e, claro, Messi.
Isso não é uma ofensa. É uma afirmação. E talvez seja mais corajosa do que qualquer elogio.
O que vem a seguir?
Iniesta se aposentou em 2024, após passar os últimos anos no Vissel Kobe, no Japão. Ele não busca mais reconhecimento. Não precisa de rankings. Mas sua lista, divulgada meses depois da sua aposentadoria, já se tornou um marco. Ainda que não haja reações oficiais, os torcedores estão divididos. Alguns acham que ele subestimou Messi. Outros entendem: nem tudo no futebol se mede em gols e títulos. Às vezes, se mede em conexão.
Enquanto isso, o debate continua. E talvez, no fim das contas, a maior lição de Iniesta não seja quem ele escolheu — mas quem ele deixou de lado.
Frequently Asked Questions
Por que Iniesta não incluiu Messi na lista dos maiores da história?
Iniesta não explicou publicamente sua escolha, mas sua lista reflete conexões pessoais e profissionais, não apenas desempenho. Ele valoriza jogadores que moldaram seu estilo — como Xavi, Guardiola e Laudrup — com quem conviveu diretamente no Barça. Messi, embora tenha sido seu companheiro por 14 anos e conquistado 34 títulos juntos, representa uma forma de futebol diferente: individualista, explosiva. Iniesta, por sua vez, é coletivo, tático. A ausência não é uma crítica, mas uma declaração de identidade.
Quem é Santi Cazorla e por que ele está na lista?
Santi Cazorla foi um meio-campista técnico, com grande visão de jogo e precisão nos passes, que atuou no Arsenal e no Villarreal. Embora não tenha jogado na final da Copa do Mundo de 2010, foi peça fundamental na Euro 2012, ao lado de Iniesta. Sua inclusão surpreende porque ele não tem títulos mundiais, mas Iniesta o valoriza pela inteligência tática e pela lealdade ao estilo espanhol de posse. É um gesto de reconhecimento a jogadores que não brilham em holofotes, mas sustentam times.
Como reagiu o FC Barcelona à lista de Iniesta?
O FC Barcelona não fez nenhuma declaração oficial. Isso é comum quando ex-jogadores expressam opiniões pessoais, especialmente após a aposentadoria. O clube, porém, mantém uma relação simbólica com ambos: Messi é ídolo absoluto, enquanto Iniesta é considerado um símbolo da filosofia de jogo do clube. A ausência de resposta sugere que o clube prefere não entrar em um debate que não tem resposta certa.
Iniesta é considerado um dos maiores jogadores da história?
Sim. O OneFootball o classificou como o 4º melhor jogador dos últimos 25 anos, atrás apenas de Messi, Cristiano Ronaldo e Zidane. Com 38 títulos, nove nomeações consecutivas à Seleção do Mundo da FIFPro e o gol decisivo da Copa do Mundo de 2010, ele é amplamente reconhecido como o maior meio-campista da era moderna e o mais vitorioso da história do futebol espanhol. Sua influência vai além dos troféus: ele representou o futebol de controle, de paciência e de inteligência.
A escolha de Iniesta desvaloriza Messi?
Não. A escolha de Iniesta não é uma avaliação objetiva, mas subjetiva — e por isso não desvaloriza ninguém. Messi é o artilheiro mais prolífico da história, o único com oito Bolas de Ouro. Iniesta apenas escolheu outros que, em sua visão, o ajudaram a se tornar quem ele é. É como um pintor escolher seus mestres: não significa que os outros não são grandes, apenas que aqueles foram os que o inspiraram. O futebol é grande o suficiente para abrigar ambos.
O que essa lista revela sobre o futebol moderno?
Revela que o futebol moderno ainda é dividido entre duas visões: a do gênio individual e a do coletivo inteligente. Messi representa o primeiro; Iniesta, o segundo. Enquanto os rankings tradicionais priorizam gols e títulos, Iniesta valoriza a alma do jogo: a conexão, o ritmo, a compreensão. Sua lista é um lembrete de que o futebol não se mede só em estatísticas — mas em emoção, memória e identidade. E isso, talvez, seja o que realmente importa para quem viveu dentro do campo.
Willian de Andrade
novembro 11, 2025 AT 10:56iniesta é foda mas messi é de outro planeta kkk
Thiago Silva
novembro 12, 2025 AT 06:02entendo o ponto dele. nāo é sobre ser melhor, é sobre quem te transformou. eu tenho amigos que nunca jogaram pro barça mas me ensinaram mais futebol que qualquer craque. é isso.
David Costa
novembro 12, 2025 AT 08:52essa escolha é profundamente espanhola. nāo é sobre estatística, é sobre memória coletiva. laudrup era o poeta do jogo, guardiola o filósofo, xavi o coração, silva o silêncio que fala e cazorla o artesāo que ninguém via. messi é o vulcāo - ele explode, mas nāo respira o mesmo ar que esses homens. iniesta escolheu quem o fez sentir o futebol como uma língua, nāo como um esporte.
Bruna Oliveira
novembro 13, 2025 AT 07:19claro que ele deixou o messi de fora porque nāo consegue lidar com a superioridade absoluta. é o clássico ego europeu tentando reescrever a história pra se sentir importante. laudrup? sério? ele nem ganhou copa do mundo. isso é pura nostalgia com disfarce de filosofia.
Caio Nascimento
novembro 13, 2025 AT 17:19Eu acho que a escolha de Iniesta é legítima, e é importante ressaltar que ele não está desmerecendo Messi - ele apenas está expressando uma visão subjetiva, baseada em vivência, e não em números. Isso é válido. Muito válido.
Rafael Pereira
novembro 15, 2025 AT 08:59tem gente que acha que futebol é só gols e troféus. mas quem jogou sabe: o que importa é quem te entendeu no campo. iniesta e xavi tinham um idioma só deles. messi era outro idioma. nenhuma língua é melhor. só é diferente.
Rayane Martins
novembro 16, 2025 AT 08:33isso aqui nāo é sobre messi. é sobre quem vocę escolhe pra ser seu espelho. iniesta nāo precisava de messi pra ser grande. ele já era. e isso é poderoso.
gustavo oliveira
novembro 16, 2025 AT 14:29no japāo, onde ele jogou, eles chamam iniesta de "o professor". nāo por ser o melhor, mas por fazer todo mundo melhor. ele nāo escolheu os maiores. escolheu os que o fizeram pensar. e isso é mais raro que um gol de 30 metros.
Eduardo Mallmann
novembro 17, 2025 AT 14:42A escolha de Iniesta, embora subjetiva, revela uma profunda consciência fenomenológica do futebol: ele não está aferindo méritos objetivos, mas mapeando a topografia da sua própria subjetividade esportiva. A ausência de Messi não é uma negação, mas uma afirmação ontológica da sua própria identidade como jogador coletivo, em contraposição à transcendência individualista do argentino. O futebol, enquanto fenômeno cultural, não se reduz à estatística - ele se constitui na relação simbólica entre sujeitos. Portanto, a lista de Iniesta é um ato hermenêutico, não um ranking.
Timothy Gill
novembro 18, 2025 AT 17:32messi é o pico a gente sabe mas iniesta escolheu quem fez ele existir. laudrup foi o primeiro sonho. xavi foi o espelho. guardiola foi o padre. cazorla foi o irmāo silencioso. messi era o deus que todos adoram mas que nāo te ensinou nada. sō te deu o que vocę já tinha.
Naira Guerra
novembro 18, 2025 AT 17:49isso é só inveja disfarçada de filosofia. ninguém deixa o maior de fora por "conexão". é só medo de reconhecer a grandeza.
Sandra Blanco
novembro 19, 2025 AT 00:45acho que ele só esqueceu. todo mundo erra.
Willian Paixão
novembro 20, 2025 AT 13:25se você já jogou bola com alguém que entende o jogo como você, você sabe o que isso quer dizer. nāo precisa de estatística. só de um olhar. iniesta viu isso em xavi, em silva, em cazorla. e isso, pra ele, vale mais que qualquer gol de messi.